Luzi Telles - Diretora

9 de ago de 20203 min

Por que crianças entre 02 e 04 anos deveriam continuar com as aulas remotas durante a pandemia?

Atualizado: 19 de mar de 2021

Desde que a quarentena foi instaurada a discussão sobre a efetividade de aulas remotas para crianças entre 02 e 04 anos o assunto tem sido pauta nos programas de TV, conversas familiares e estudos das mais diferentes áreas.

Mais de 100 dias (em agosto de 2020) (agora 01 ano - março 2021) depois do início da quarentena é fato que o período estimulou o sedentarismo e a obesidade infantil, conforme alertou a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em documento recém-lançado com orientações para a prática de atividades físicas nesta fase de isolamento.

Observamos que nos últimos anos os brasileiros passaram a residir em imóveis cada vez menores. Em 2019 quase 78% dos paulistas, por exemplo, compraram imóveis com no máximo 65m2, aliado a rotina extremamente atarefada dos pais que agora assumiram diferentes papeis, com Home office, cuidados com a casa e com os filhos, isso pode restringir muito a atividades físicas das crianças.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/morar/2019/11/imoveis-encolhem-para-caber-no-bolso-e-no-estilo-de-vida-do-morador.shtml (acessado em agosto / 2020)

Neste momento a escola pode contribuir e muito para a continuidade das atividades recreativas que desestimulam o sedentarismo, como aulas lúdicas de educação física, dança, propostas de brincadeiras com objetos desconstruídos nos chamados “territórios” ou “campos de experiências”, aulas de música, atividades "makers" e tantas outras atividades que pedagogos, especialistas em desenvolvimento infantil, podem propor de forma agradável, interessante e que pode unir a família em momentos que intensificam as relações e criam memórias que ficam para sempre.

Tão importante quanto o que a escola pode propor é como a escola pode propor essas atividades.

Crianças de 02 a 04 anos não podem ficar na frente de um computador as 4:30h que ficariam na escola. Nas boas escolas estas crianças não ficam mais de 30 minutos dentro de uma sala de aula. O tempo na escola se divide em horário em sala, no parque, na horta, nas salas lúdicas como brinquedotecas, pátios e quadras cobertas e descobertas, entre outros. Então como esperar que estas crianças fiquem “sentadinhas” em frente a um computador para acompanhar uma aula on-line?

Atividades para estas crianças podem ser divididas em aulas ao vivo, pelo computador, de no máximo 30 minutos, em pequenos grupos de 5/6 crianças que tenham como maior objetivo a interação entre ela, o professor e os coleguinhas. Nestas aulas o professor especialista pode propor atividades divertidas como pular, correr no lugar, brincadeiras motoras cantadas, como “cabeça, ombro e pé” ou buscar objetos dentro de casa. Em aulas gravadas de, no máximo 05/10 minutos, o professor pode sugerir a construção de territórios ou campos de experiências com objetos plásticos, por exemplo. que as famílias têm em casa, como baldes, bacias e copos, demonstrando formas interessantes de dispor estes objetos de forma a levar a criança a se interessar e criar brinquedos e brincadeiras com eles.

Contação de histórias, atividades artísticas e de construção são excelentes propostas que podem ser executadas com aulas ao vivo ou gravadas.

As atividades propostas pela escola sempre se baseiam em estudos profundos sobre o desenvolvimento infantil e formas de favorece-lo. Por isso é tão importante continuar o vínculo entre escola, professores e crianças. Além disso, atividades físicas de intensidade moderada, com objetivo claro de desenvolvimento e fortalecimento motor podem diminuir em até 50% a incidência de infecções respiratórias – categoria em que se encaixa a Covid-19, pois incentivam uma ação anti-inflamatória, importante especialmente no contexto do novo coronavírus, que parece ser mais grave graças ao desequilíbrio das inflamações pelo corpo, como a SBP ressalta em seu documento,

Assim, a participação das crianças pequenas nas aulas remotas não pode ser justificada apenas pela questão do vínculo afetivo, tão importante nesta faixa etária, mas também pela questão de saúde que a boa escola pode proporcionar de forma lúdica e eficiente para os pequenos!

Então, “bora” transformar essa preguiça em músculos?

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